quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Índios do Brasil




Nos primeiros séculos, o índio era retratado como um selvagem, um "quase-animal" que deveria ser domesticado ou derrotado. 



No século XIX houve uma reviravolta, e o índio passou a ser tratado como o "bom selvagem". Essa concepção aprofundou-se no século XX, trazendo a ideia de que o índio era dono de uma moral intangível, sendo uma vítima indefesa da crueldade europeia, tendo como destino combater os europeus ou se submeter a eles. Nessa concepção, os índios viviam em harmonia nas Américas, até que chegaram os portugueses e semearam guerras, destruíram pessoas, culturas e plantas. Esse discurso até hoje produz eco nos meios popular e escolar brasileiros. Porém, nas últimas décadas, as novas produções históricas têm dado visibilidade a uma outra análise da questão indígena. Sem negar a violência com que muitos europeus trataram os indígenas, a História tem passado a tratar o índio não como uma vítima passiva da colonização europeia, mas também como um agente que interferiu e teve papel fundamental nesse processo.




Sem a ajuda dos índios, a colonização europeia em diversos pontos das Américas teria sido impraticável. No Brasil, muitos índios se beneficiaram com a chegada dos portugueses. Os índios tupis do litoral viviam envolvidos em guerras com outros índios. Muitos índios se aliaram aos portugueses visando exterminar grupos indígenas inimigos. Caso emblemático foi a Guerra dos Tamoios, travada no Rio de Janeiro nos anos de 1556 e 1557. Os tupiniquins e os temiminós ajudaram os portugueses a expulsar os franceses da região, e depois contaram com o apoio português para exterminar seus inimigos antigos: os índios tupinambás, ou tamoios. Para um grupo indígena, um outro grupo indígena poderia ser tão "estrangeiro" quanto os portugueses, franceses, espanhóis ou holandeses eram para ele.




Os índios ajudaram os portugueses a escravizar e a exterminar outros índios. As bandeiras, expedições coloniais que visavam a escravização indígena, eram formadas maioritariamente por índios e alguns poucos não índios, denominados paulistas, eles próprios maioritariamente mestiços de mãe indígena e pai europeu.


 

A aliança entre índios e portugueses proporcionou vantagens para ambos os lados. Os índios beneficiavam com a presença portuguesa, contando com o seu apoio para exterminar tribos inimigas. As novas tecnologias trazidas pelos portugueses e desconhecidas dos índios provocaram uma revolução e um melhoramento na vida das tribos. Tecnologias como o anzol facilitaram enormemente a pesca, o uso do machado diminuiu em várias horas o trabalho despendido para se cortar coisas, a introdução de novos alimentos, como a banana, a jaca, a manga e a laranja diminuíram o estorvo que era para se obter comida nas tribos ou até mesmo a introdução do cavalo e do cachorro domesticado, que protegia as tribos de ameaças. Para os portugueses também houve benefícios: os índios aliados protegiam as povoações e guiavam os colonos nas suas expedições.

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